Entre xícaras e lembranças
Era uma daquelas tardes mágicas de outono, quando o sol, cansado de brilhar, se despedia mais cedo, tingindo o céu de um laranja suave e acolhedor. Na cozinha, Dona Maria, com seus cabelos prateados que reluziam à luz morna da tarde e olhos que guardavam um mundo de histórias, preparava a sua receita favorita: café. O aroma encorpado do café fresco começava a se espalhar pela casa, trazendo com ele uma onda de lembranças de tempos idos. Sentada à mesa, ela olhava pela janela e observava a dança das folhas que, num balé lento e gracioso, deslizavam das árvores em direção ao chão. Em seu coração, as memórias de dias felizes se aglomeravam, quando seus filhos corriam pelo quintal, suas risadas ecoando como música. Agora, a casa estava envolta em um silêncio sereno, quebrado apenas pelo tic-tac do relógio de parede e o canto distante dos pássaros que se acomodavam para a noite. De repente, o sino da porta tocou, trazendo um sorriso ao rosto de Dona Maria. Era João, seu neto, que a visitav